Alargadas as suas exportações além do porto de Ambriz, as exigências começaram a ser grandes demais para um só empreendedor.

Foi no dia 23 do primeiro mês de 1898, que Francisco Ribeiro de Carvalho selou a sua ligação com Manuel Joaquim Ribeiro, formando a sociedade Carvalho & Ribeiro e uma amizade que, ainda que não o soubessem, seria para uma vida inteira.

Esta sociedade tinha o capital de 13$043,780 réis, sendo metade de cada sócio.

Com um volume de negócios em constante ascensão, juntou-se a esta amizade única Joaquim Nunes Ferreira. A firmeza do compromisso entre estes três amigos, ficou no nome pela qual esta história ainda hoje é conhecida: Carvalho, Ribeiro & Ferreira – CR&F.

A sociedade a um ritmo cada vez mais acelerado, alargou as vendas para Moçambique, Macau, Brasil e todas as antigas colónias Francesas e Inglesas. Em Portugal, a Madeira e os Açores, completavam a rede de transações.

E porque quando cresce a família, cresce o lar. Este foi o ano de construção de um novo armazém, no Carregado (Lisboa) - Um centro inovador de vinificação, que representou um grande salto na inovação do setor de bebidas alcoólicas em Portugal, com as mais altas tecnologias da época. No Carregado, grandes adegas com capacidade para 6 milhões de litros, a destilaria e os armazéns, faziam as delícias de quem as visitava. Carvalho, Ribeiro & Ferreira era uma casa aberta.

Às visitas era apenas pedido que assinassem o Livro de Ouro. Altas individualidades aqui passaram. O Primeiro Ministro da Rodésia do Sul, o Chefe de Protocolo dos Negócios Estrangeiros, o Secretário da Defesa Nacional, o Consulado do Mónaco são apenas alguns exemplos escritos no Livro de Ouro.

A marca viu nascer a primeira garrafa de Aguardente CR&F Reserva.

A obsessão pela perfeição e a atenção ao detalhe eram próprias de toda a equipa Carvalho, Ribeiro & Ferreira, e todas as análises que se realizavam diariamente, eram registadas em boletins de análise próprios.

No Carregado, eram produzidos, além das aguardentes, os vinhos “garrafeira” CR&F.

Aqui, também eram produzidos, o famoso Campari, sob licença dos Italianos e os Licores Bols, sob licença Holandesa.

A produção estava no auge. Quatro milhões de garrafas de vinho esperavam o tempo necessário para o seu envelhecimento -cerca de 4 a 5 anos até serem “garrafeiras” e levarem o seu destino final.

Por esta altura, eram também produzidos cerca de 4 mil litros de aguardente Reserva e cerca de 400 mil litros da marca 1920, também tão famosa dentro da casa Carvalho, Ribeiro & Ferreira.

Após as cheias que assolaram Lisboa neste ano, as garrafas vazias que iam entrar nas linhas de enchimento ficaram na sua totalidade a boiar na cave da Carvalho, Ribeiro & Ferreira. O enorme espírito de paixão e união levou os funcionários a limpar as garrafas, uma a uma, recuperando com elas todas as memórias da marca.

Desde 1970 que, através de uma parceria com uma fábrica da Marinha Grande, a Carvalho, Ribeiro & Ferreira, colocava no mercado uma aguardente mais velha, que era lançada todos os anos dentro de uma garrafa de cristal. Era uma produção muito limitada e por isso, os consumidores da marca, que já anteviam o seu lançamento, compravam antecipadamente para garantir que tinham uma garrafa de cada ano.

É engarrafada uma quantidade grande de garrafas de Aguardente CR&F Reserva para uso exclusivo das Forças Armadas. Foi outro marco na história que ajudou a escrever a quantidade de entusiastas que a marca tem hoje, no seu país de origem, e além fronteiras.

A marca viu nascer a primeira garrafa de Aguardente CR&F Reserva Extra.

Os rótulos eram produzidos manualmente com tesouras de alfaiate, enquanto as garrafas eram produzidas a sopro, fazendo as delícias de todos os visitantes e amigos da casa, que faziam questão de ter uma garrafa personalizada com o seu nome, assinada pelo adegueiro principal.

100 anos de história marcados pela compra da empresa pela Costa Pina, e numa 2º fase transferida para a Allied Domecq.

Mas o legado permanece, como é o caso da assinatura conjunta dos três fundadores que, ainda hoje, é utilizada em todas as garrafas.

É realizada uma seleção natural das marcas e da produção, e o foco nas aguardentes foi a decisão final, pois era um negócio em plena ascensão. Nessa mesma altura, a produção envelhecimento e muda-se para Vila Nova de Gaia.

A marca é comprada por uma multinacional do setor de bebidas. Umas das condições desta transação era simples: manter os padrões de qualidade e excelência que a marca Carvalho, Ribeiro & Ferreira tinha habituado os seus consumidores nacionais e além-fronteiras. Tudo se manteve e a marca continuou, desta forma, a construir o seu legado.

A história da Carvalho, Ribeiro & Ferreira - CR&F, volta a ser escrita em português, pelas mãos de João Portugal Ramos, que em 2016 operacionaliza uma das maiores transações do setor em Portugal. A enorme experiência do grupo no setor vitivinícola, a estratégia de inovação e o aperfeiçoamento constante de técnicas produtivas, aportam à marca CR&F as sinergias perfeitas.

A prioridade continua a ser a de juntar pessoas em torno de uma grande aguardante, passando o legado de geração em geração, e tornando esta história intemporal.

Num ano atípico, a marca mostra mais uma vez, a sua resiliência e reforça a mensagem que “vale a pena esperar”, com o lançamento de uma aguardente, após 40 anos desde a sua última inovação. Comemora, assim, 125 anos de histórias, com os seus principais entusiastas pelo mundo fora, com o lançamento de 1895 garrafas, numeradas, de uma aguardente XO que remonta às suas origens na região de Lisboa.

A resiliência de uma marca portuguesa, que está agora presente em mais de 20 países e que quer continuar a partilhar pelo mundo o legado das aguardentes portuguesas.